Entre os anos de 1985 e 2018, o Brasil perdeu 89 milhões de hectares de vegetação natural, uma área equivalente a quase o Estado de Mato Grosso, o terceiro maior do país em extensão. Esses dados compõem a Coleção 4.0 do projeto MapBiomas e foram apresentados nesta quinta-feira (29/08), em Brasília, durante o 4º Seminário Anual do MapBiomas – Perdas e Ganhos das Mudanças de Cobertura e Uso do Solo no Brasil.
A série histórica levantada pela Coleção 4.0 cobre um período de 34 anos com dados anuais de cobertura e uso do solo, desmatamento e regeneração nos biomas brasileiros.
Dos 89 milhões de hectares perdidos nesse período, 82 milhões de hectares referem-se a florestas naturais e outros 7 milhões de hectares são de vegetação natural não florestal. No caso específico da Amazônia, a perda foi de 47 milhões de hectares em 34 anos, mais da metade do total registrado no Brasil. A agropecuária avançou de 174 milhões de hectares para 260 milhões, um aumento de 86 milhões de hectares.
Brasil perdeu 89 milhões de hectares de vegetação natural nos últimos 34 anos
Em 1985, as florestas naturais e a vegetação nativa representavam 77% de toda a cobertura e uso do solo no país, com mais 20% de ocupação pela agropecuária, 1% de áreas não vegetadas e 2% de água. Os dados de 2018 indicam que existem 66% de florestas naturais e vegetação nativa no território, 31% de áreas destinadas à agropecuária, 1% de áreas não vegetadas e 2% de água.
Segundo o coordenador-geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, os dados apresentados pela plataforma de monitoramento ajudam a compreender a evolução da ocupação do território e os impactos sobre os biomas no Brasil, sendo um importante subsidio para orientar os gestores públicos no desenvolvimento e a aplicação de políticas públicas para conservação e uso sustentável dos recursos naturais.
Ele ressalta que o impacto do desmatamento, que se encontra em alta, é preocupante por conta de fatores que se complementam e afetam diretamente o clima no Brasil e do planeta.
“O desmatamento somado às queimadas gera maior emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e, ao mesmo tempo, diminui a capacidade de ocorrer o fenômeno conhecido como sequestro de carbono, que é fundamental para reduzir a concentração destes gases na atmosfera sem o qual não será possível limitar o aquecimento global abaixo de 2oC”, diz o pesquisador. “Hoje, mais da metade das emissões brasileiras de gás carbônico provém de desmatamento”, completa.
Queimadas na Amazônia em 2019 seguem o rastro do desmatamento
Os dados apresentados pelo Coleção 4.0 MapBiomas traz mapas anuais de cobertura e uso do solo do Brasil com resolução de 30 metros (cada pixel representa uma área de 30 metros x 30 metros); estatísticas de cobertura e uso do solo e recortes territoriais de biomas, estados, municípios, terras indígenas, unidades de conservação, infraestrutura de transporte e energia e bacias hidrográficas; módulos de mapas e estatísticas de desmatamento/supressão e recuperação de florestas e vegetação nativa em todos os biomas do País; além de infográficos e mapa mural do Brasil e de cada bioma.
A ferramenta é pública e gratuita – Clique aqui…………..
O MapBiomas é uma iniciativa multi-institucional envolvendo ONGs, universidades e empresas de tecnologia dedicada a mapear as mudanças na cobertura e uso da terra dos biomas brasileiros para apoiar e promover o manejo sustentável e a conservação dos recursos naturais do país. O IPAM coordena o mapeamento do bioma Cerrado.